Boas a todos.
Reparação do ALB, ( vulgo ABS ).
É muito comum nestes automóveis o ALB deixar de funcionar, devido á idade. Este sistema só funciona quando existe um potencial bloqueio de rodas numa travagem mais brusca. O que pode passar anos sem tal acontecer. A mudança de óleo de travões deste circuito é descorada e deteriora-se com o passar dos anos, criando resíduos. Grande parte dos proprietários destes veículos, retiram o sistema de ALB ou a luz do tablier, pois o carro continua a travar, mas sem sistema anti - bloqueio.
Como grande apaixonado pela mecânica, não queria abdicar deste sistema, sendo um dos primeiros a aparecer e diferente dos actuais, pois o circuito de óleo de travões do ALB é completamente independente do circuito de óleo de travagem.
Depois do grande trabalho pela Europa a arranjar as borrachas para a reparação do meu ALB ( abs ).Foi tempo de sujar as mãos.
O sistema é composto por:
Motor e Bomba – responsável por introduzir óleo de travões em um acumulador que por sua vez está pressurizado com nitrogénio, de forma que o circuito de óleo de travões
do ALB atinja uma elevada pressão.
Acumulador – Depósito em forma de esfera, dividido por uma membrana de borracha. De um lado óleo de travões, de outro lado nitrogénio.
Modulador – Composto por 3 selenóides ( electro - válvulas ) que abrem ou fecham, accionando 4 pistões que fazem com que o óleo do ALB a alta pressão, feche o circuito de
óleo normal de travagem, momentaneamente e repetidamente ( milissegundos ). Aliviando as bombites de travão e empurrando o pedal para cima, não deixando
assim bloquear as rodas.
Sensores de roda – Envio de sinal eléctrico à centralina dedicada somente ao ALB.
Centralina – gere electrónicamente o sistema do ALB.
A centralina do ALB tem um led que pisca consoante o tipo de erro existente no circuito.
Esse led deu a indicação de falta de pressão no circuito.
Já é um começo, mas algo vago. Poderá ser de a Bomba estar gripada e não conseguir puxar óleo para o circuito, poderá o Acumulador ter perdido o nitrogénio e o circuito não ganhar alta pressão, poderá ser a membrana do Acumulador estar furada ou deteriorada e o nitrogénio foi-se. Poderá os selenóides do Modulador estarem queimados e não abrirem ou poderá os selenóides estarem encravados na posição aberta e o óleo do circuito voltar pelo retorno ao vaso de expansão, estando o circuito aberto e não ganhando pressão.
Para dificultar mais a tarefa, existe um sangrador quadrado, que só se consegue utilizar com uma chave especial da Honda que contém um reservatório para o óleo que sai em alta pressão, ( cerca de 3000 psi ).
Levei o automóvel a uma oficina em que o dono tinha trabalhado na Honda e tinha essa chave. Na tentativa de sangrar o circuito, o único que conseguiu foi tirar óleo do circuito, mas ele não ganhava pressão. Será escusado dizer que a sua 1º reacção e ultima foi desistir.
Do que li na Internet, o mais comum era os selenóides do Modulador ficarem encravados na posição aberta devido às impurezas e detritos do óleo de travões com muitos anos.
1º passo, retirar o Modulador, abrir, limpar, testar o funcionamento dos selenóides e substituir todas as suas borrachas.
No Modulador, todos os selenóides funcionavam, as borrachas tinham bom aspecto, mas estava altamente contaminado de óleo ressequido e de resíduos.

- Vista geral do Modulador, selenóides muito ferrugentos por fora e Modulador cheio de residuos e óleo ressequido que entopem todo o circuito.
- Limpeza total, sempre com óleo de travões e esfregão verde da loiça. À direita, Modulador desmontado, vendo-se os pistões a azul, já com borrachas novas.

- Vista do Modulador com o trabalho já terminado.
2º passo, retirar a Bomba, limpá-la e verificar o seu funcionamento.
Na bomba. Esta tem um motor eléctrico que faz girar um eixo excêntrico dentro de uma cúpula de óleo, este veio faz actuar um mini pistão que injecta o óleo de travões no Acumulador criando assim a alta pressão.

- Imagem geral da Bomba, onde se vê o sangrador quadrado, Bomba aberta, esquerda - veio excêntrico, direita - um pequeno pistão que deveria estar mais para fora de forma a ser comprimido pelo veio excêntrico.
A desmontar a Bomba, fiquei com a mola do mini pistão partida em 3 na mão. O aço da mola estava completamente podre, devido ao contacto de 25 anos com óleo de travões.
Tirei as medidas da mola ( diâmetro, comprimento que deveria ter comprimida e na sua posição de repouso ). Fui a uma fábrica de molas, comprei uma semelhante e cortei-a de forma a que a medida em repouso e comprimida desse certo com os meus cálculos.

- Nova mola do pistão em Inox, ( talvez dure mais tempo ), Vista geral da Bomba depois de reparada.
Tudo montado e limpo. Faltava agora a tal chave especial, para sangrar os sistema quanto tudo fosse montado no automóvel.
Um mecânico amigo deu-me uma ideia. Medir o sangrador quadrado, comprar tubo e depois com o maçarico, moldá-lo a 8 mm ( dimensão do sangrador ).
Por sorte, encontrei tubo quadrado em que o seu interior tinha 9,2 mm e encontrei varão quadrado de 8 mm, que serviria de molde para achatar o tubo para os 8mm que necessitava.
Levei ao mecânico e a chave foi feita. ( Esta chave é utilizada para todos os Hondas que têm este sistema de ALB ).

- Realização da chave. Leva uma mangueira transparente de "mija-mija" dentro tubo que de um lado se liga ao purgador, do outro a um recipiente. Comprida para fácil acesso à Bomba depois de montada no automóvel.
Após uma noite de Rezas, dia D para que tudo funcione. Montar tudo no automóvel e testar.
Após tudo montado, Ligar a bomba, faz barulho e não se desmontou, abrir o sangrador, começa a sair óleo e a ganhar pressão. O pistão da bomba está a funcionar, a nova mola está OK.
Para a estrada testar. Curva com areia e toca a travar.
RESULTOU….RESULTOU….
Estou muito satisfeito, foi uma grande aventura desde a busca de um mecânico que tivesse a chave, encontrar as borrachas, procurar e procurar e voltar a procurar na Net como tudo funcionava e como se poderia ou não arranjar e finalmente fazer. Pois não sou mecânico, muito menos sabia com funcionava um ALB.
Obrigado pela vossa paciência na extensa leitura. Se necessitarem de tirar algumas dúvidas sobre o funcionamento e/ou reparação de um destes sistemas no vosso Honda clássico, estou à vossa inteira disposição do pouco que sei, sempre para ajudar.
Com Amor, Persistência, Dedicação e uma pitada de Sorte os nossos Clássicos ficarão como no dia que vieram ao Mundo.
Fiquem todos bem.
Frederico Nina.