O Grande Turista Japonês
Hoje um fabricante de Utilitários, Pesados e Motores com grande participação accionista da General Motors (49%), a Isuzu já teve uma gama de modelos de urismo de relativo êxito comercial em diversos mercados. A história da marca começa 1916, quando a Tokyo Ishikawajima Shipbuilding and Engineering Co. e a Tokyo Gas and Electric Industrial Co. começaram a planear a produção de automóveis.
Em 1922, já faziam camiões Wolseley A-9 de origem britânica. Em 1934, após um encontro com o ministro do comércio local, os veículos foram rebaptizados de Isuzu, nome do rio que passa pela área do Santuário Ise. Em 1949 a empresa passava a chamar-se Isuzu Motors Limited e a produção de seus camiões viveu um boom no pós-guerra com a reconstrução do país
Criado para agradar os vários mercados, o Isuzu Bellett introduziu o conceito GT no universo nipónico.
A versão de quatro portas do Bellett, a primeira a ser lançada, em 1963, parecia uma mistura de Alfa Giulia e Ford Falcon em escala menor.
O primeiro carro de turismo da Isuzu seria o “Minx”, lançado em 1953, uma adaptação do minúsculo sedan inglês de mesmo nome produzido pela Hillman (1ª foto). Foi um pioneiro nas associações entre o Japão e fabricantes estrangeiros para a produção de automóveis. Mas o fabricante de veículos, um dos mais antigos do Japão, seria responsável por outras façanhas que uniram oriente e ocidente na década seguinte.
Após passar a década de 1950 recuperando e restabelecendo no novo cenário económico mundial, a indústria automobilística japonesa iniciava sua expansão para mercados externos. O Crown, assim como mais tarde o Corolla, ambos da Toyota, e os Datsuns Sunny e Bluebird abririam terreno para outros fabricantes locais, acompanhados de desportivos, como o Toyota 2000 GT e o Datsun Fairlady, e utilitários como o Toyota Land Cruiser. Nessa toada nasceu o primeiro carro de passeio desenvolvido pela própria Isuzu.
Os sedans de duas e quatro portas, de linhas convencionais, e seu interior mas foi o coupé, o Bellett que mais se destacou
O projecto resultou no sedan Bellel 1961, que viria a oferecer o primeiro motor diesel do Japão e durou uma década no mercado. Ele abriu caminho para um modelo mais ajustado ao gosto do consumidor estrangeiro, o Bellett. Lançado em 1963, era um sedan quatro portas de 4,03 metros de comprimento que poderia passar despercebido, não fosse uma certa semelhança com o Alfa Romeo Giulia Berlina e o Ford Falcon. Parecia uma mistura minimizada dos dois.
Oferecido também nas versões sedan de duas portas e coupé, o Bellett fazia da variedade seu melhor aliado, dos tipos de banco oferecidos até ao modelo se travão de mão. E foi o Bellett cupé que respondeu por mais uma grande novidade japonesa com o 1500 GT, o primeiro grande turismo daquele país. Esse tipo de carro desportivo, tão difundido na Europa e em alta na década de 1960, serviria para dar uma personalidade extra ao modelo e à marca a partir de Abril de 1964
Enquanto o motor 4cyl do sedan, de 1.471cc e com comando de válvulas no cabeçote, tinha potência entre 58 e 68cv, o GT chegava a 77cv a 5.400rpm com torque de 12m.kgf a 4.200rpm, graças à carburação dupla. Para um carro de 1.150 kg, resultava num desempenho muito interessante.
As linhas suaves da capota harmonizavam-se com o bom desempenho do motor do coupé, que partia de 58cv e chegava a 77 no GT de dupla carburação
Havia ainda o motor de 1.579cm³, que duraria bem mais que os dois anos do 1,5-litro. Com ele o Bellett 1600 GT rendia 88cv e 12,5m.kgf nas mesmas rotações do motor menor. Outra diferença entre as duas versões, eram os freios a disco dianteiros. Além de todos os aspectos técnicos, o coupé tinha a carroçaria a seu favor, retocada com frequência para não cansar o público. A grade dianteira em aço foi substituída por outra em liga em 1966, enquanto a lanterna em formato de gota ficava mais quadrada.
O ânimo também se renovava sob o capôt: eram 90 cv e 13m.kgf às mesmas rotações. A versão Sport unia esse motor à carroçaria sedan. Outra interessante e mais rara opção era o GT fastback, estilo tão popular na época, que não encontrou sua melhor interpretação no Bellett. O coupé continuava imbatível na estética. Mais que a aparência, o GT marcou presença em corridas e ralis da segunda metade dos anos 1960 e ainda hoje faz sucesso entre pilotos, profissionais ou não, mais inteirados desse seu histórico.
O 1600 GT: maior cilindrada, estilo esportivo com rodas pretas e saídas de ar na traseira, volante com aro de madeira, bancos especiais
Com a tradição da Isuzu em veículos de carga, o furgão Express e o pick-up Wasp não só eram de se esperar, como reforçaram a variedade de opções da linha por serem baseados no Bellett. Mais reforçados e altos que os equivalentes estrangeiros — inclusive os derivados do Falcon —, já prenunciavam o segmento de pick-ups compactas que a pátria desse tipo de utilitário, os Estados Unidos, só exploraria a partir dos anos 1980.
Mas o ponto máximo de toda a celebração em torno do modelo atendia pelo nome de Bellett 1600 GTR. Após a grade ganhar forma de trançado e as lanternas horizontais — divididas em três peças nos GT — rejuvenescerem a linha em 1968, chegava a hora de a Isuzu brilhar. Com o 1,6-litro de comando de válvulas duplo no cabeçote e carburadores Solex, o GTR produzia 120cv a 6.400rpm e 14,4m.kgf a 5.000rpm, levando o coupé aos 190 km/h.
O Coupé GT-R foi o ponto alto da linha em termos de potência, com 120cv.

