Desportividade e economia podem à partida parecer conceitos mutuamente exclusivos. No entanto a evolução da tecnologia mostra-nos cada vez mais que essa forma de pensar começa a estar algo ultrapassada. E quem não quer divertir-se ao volante enquanto poupa o meio ambiente e a carteira?
Foi sob esta mesma premissa que a Honda concebeu o CR-Z, um carro que tenta conciliar o melhor de dois mundos: o prazer de condução de um chassis compacto com afinação desportiva e a economia de uma mecânica híbrida.
Este é um conceito que me é próximo, sendo que tentei eu mesmo fazer algo semelhante com o meu Civic 1.5, um carro muito semelhante ao CR-Z a nível de potência e tamanho ao qual adicionei uns grãos de pimenta nos sítios que considerei certos.
Bem enquadrado no seu mercado alvo abordo então o CR-Z como um potencial futuro sucessor ao meu carro actual. A primeira impressão é marcada pela forma compacta e musculada da carroçaria e pelos adereços Mugen que equipavam a unidade ensaiada. Ainda que pessoalmente dispense os apêndices aerodinâmicos, aprecio a carroçaria rebaixada e as jantes de 17", ficando desde logo claro que aqui a pimenta vem de série!
No interior somos brindados com uma posição de condução baixa e de perna esticada, como se quer num carro orientado para a diversão ao volante. O volante é pequeno e bem colocado e alguns pormenores herdados do S2000 como o botão de arranque, os pedais e o punho da caixa dão um toque agradável de "luxo desportivo".
Os simbólicos lugares traseiros, à primeira vista algo criticáveis, acabam por fazer sentido numa apreciação mais cuidada. São ideais para pousar a pasta e o casaco ou até mesmo transportar um bébé confortavelmente instalado na sua cadeira.
E eis que surge então a aguardada hora de passar da teoria à prática. Rodada a chave e pressionado o botão o motor entra em funcionamento com a suavidade reconhecida aos motores Honda. O pisar é sólido e o tacto da caixa agradavelmente mecânico, sem perder em suavidade.
Uma pequena rampa de acesso ao aeródromo de Antanhol dá-me a oportunidade de carregar um pouco mais no acelerador, ao que o carro responde sem hesitação, com a panela da Mugen a complementar a sinfonia do motor com um sopro muito agradável. Não falamos numa torrente de potência, mas ainda assim mais do que o suficiente para nos salvaguardar numa qualquer manobra de emergência.
As curvas, essas, são feitas sem levantar pé, com a suspensão regulável da Mugen a conter bem o rolamento da carroçaria e a fazer crer que o CR-Z tem chassis mais que suficiente para a potência que oferece. Como é bom ter acessórios de performance como este disponíveis na marca pensei. Assim podemos personalizar o carro mantendo a qualidade e a garantia de fábrica, algo até há bem pouco tempo impossível.
Chegados ao aeródromo damos por finda a experiência, ficando a curiosidade do que seria o carro num teste mais longo, sobretudo a nível de conforto acústico, tacto dos comandos e consumos. Seria muito divertido fazer um "hypermiling challenge" num CR-Z, mostrando até onde a tecnologia Honda nos pode levar em termos de poupança de combustível.
Parando para pensar no final fiquei duplamente satisfeito: por um lado sei que quando precisar de trocar de carro a Honda tem a resposta certa para os meus gostos e necessidades, por outro fiquei contente de ver que o meu carro actual não perde de forma significativa para o CR-Z 14 anos mais novo. É assim a Honda, constrói carros para durar.
Agradecimentos: Honda Portugal e AJA.
